sexta-feira, novembro 24, 2006

Recordações

Recordo momentos da minha vida, movidos pela intensidade de viver... Momentos em que dei tudo de mim e nunca nada, ou quase nada tive em troca... Momentos de tão grande felicidade sentida por tão pouco que me era dado... Mas era feliz, cuidava exacerbadamente da pessoa amada, fundia-me nela esquecendo-me de mim, de como também eu precisava ser cuidada... Mas eu não precisava, alimentava-me daquele amor puro, sentido em toda a sua vertiginosidade...
Não... Eu não era feliz, acreditava ser pois dava tudo de mim, voltava a dar... Dava o que não podia, dava até à exaustão e pediam-me mais... O desgaste começava a tomar conta de mim, quase três anos de um dar sem nunca receber, sem haver um momento em que aquele ser se apercebesse que eu estava à beira do abismo...
Mil acusações penderam sobre mim, fazendo-me sentir um lixo, por estar a deixar um ser que se dizia dependente de mim... Não, aquilo já não era amor... Era doentio... Durou pouco mais, sentia-me claustrofóbica, sentia-me suja... Doente... Há muito que já não era eu e não queria me tornar numa qualquer resignada...
Foi dado o passo certo para a fuga daquele abismo que me chamava... A vida prosseguiu num inferno, num inferno que me infligiram...
Lá fora contínua a chover... Odeio o tempo assim... E os meus pensamentos remontam a recordações dolorosas, de coisas que vivi, aprendi e não queria ter conhecimento dessa vivência...

1 comentário:

Anónimo disse...

Todas essas más recordações sentidas, são provocadas por um objecto que as faz lembrar, neste caso a chuva e o dia melancólico, assim, temos que associar a este objecto uma boa recordação ou lembrança. As más recordações não são para ser sentidas de novo, com elas aprendemos e crescemos, o resto? O tempo irá se encarregar de as dissipar.