terça-feira, outubro 31, 2006

Nevoeiro...

O nevoerio cobre todos os lugares como um véu diáfano, tornado tudo igual....Tudo estranhamente silencioso....reina a resignação num bando de pessoas monocromáticas, que percorre as ruas a caminho dos empregos...Apenas uma criança brinca com os sons produzidos pela própria voz...o único ser colorido nesta enorme massa cinzenta...

segunda-feira, outubro 30, 2006

Confuso?!

O que não faz sentido, que continue assim, porque afinal, o que não para se entender que não se entenda...

Palavras escritas na Pedra 03...

Não me peças, nem baladas
Nem expressões nem a alma...Abre-me o seio
Deixa cair as pálpebras pesadas.
E entre os seios me apertes sem receio

Na tua boca seba minha a meio,
nossas linguas se busquem desvairadas
e que os teus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas á(...)a e delgadas.

E em duas bocas uma língua...unidos
Nos trocaremos beijos e gemidos
Sentindo nosso sangue misturar-se

Depois...
Abre teus olhos minha amada
Enterra-os bem nos meus não digas nada
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce

José Régio

Palavras escritas na Pedra 02...

No teu poema existe um verso em branco.
E sem medida
Um corpo que respira
Um céu aberto
Janela debruçada para a vida.

Ary dos Santos

domingo, outubro 29, 2006

Exageros, frustrações...

Sinto-me torpe por um mundo de coisas... sono, angustias, alcool, noites em claro... Caio nos exageros da noite, esquecendo-me das responsabilidades do dia... Descarrego frustrações e sinto-me bem, mas no amanhecer estou debilitada pelos exageros cometidos e o corpo ressente-se, ate quando resistirei ao ritmo que a minha vida parece querer levar?!...

sábado, outubro 28, 2006

Felicidade???

A busca da felicidade pode ser uma angústia....não a procuro, apenas sorvo em tragos largos os momentos que a vida me apresenta....Sinto uma paz de espírito por isso...

sexta-feira, outubro 27, 2006

Vagueio...

... despreocupadamente, escondendo o olhar atras de uns óculos de sol. Observo atentamente as pessoas que também passeiam, deixando transparecer no rosto as suas procupações, umas fitando as pedras da calçada em passos apressados, outras simplesmente contemplando a beleza ribeirinha de um Tejo sujo, mas que ainda assim parece não se importar com aquilo que lhe fazem... Um Tejo poluído pela mão do homem, revolto no seu interior, mas calmo quando se olha...
Enquanto caminho, apercebo-me que o faço a sorrir e que tal como eu observo, outras pessoas me observam e retribuem com um sorriso... Sinto-me bem, não porque me olham, mas porque sinto uma certa paz interior há muito não sentida e apercebo-me dela quando me sorriem de volta, sem sequer me verem os olhos, quem sabe pesados contrastanto com a paz que sinto.
Sinto-me leve, pensando no que assombra, nada faz sentido mas sei que tem uma razão de ser, fito por momentos as pedras da calçada... Quantos por alí já não passaram... E a certeza do dia de amanhã ganha novos contornos apesar de desconhecer o desfecho... É quando me apercebo que a vida me faz viver no risco, como sempre o fiz, como sempre o fez e eu tanto amo...
O que hoje doi, amanhã já passou... Se não passar, então que continue a doer até sarar, porque enquanto doer, estarei viva e amarei do mesmo modo cada dia, cada ser e cada amor...

Palavras escritas na Pedra 01...

O macio Tejo ancestral e mudo
Pequena verdade onde o céu se reflete.

Álvaro de Campos

Jogo de Espelhos...

Ela olha para o espelho que olha para mim.....Eu olho para outro espelho que olha para ela. Desejámo-nos num momento fugaz.....São tudo Ilusões; vontades; desejos.......Divirto-me com os meus próprios pensamentos...

quinta-feira, outubro 26, 2006

Considerações

Nunca ninguém foi feliz sem ter sofrido... e se o foi... muitos parabéns, é a excepção que confirma a regra.

Sinto a razão falar mais alto... e instala-se um vazio já tão familiar.
Não me apetece sorrir, nem forças tenho para chorar, sinto-me apenas vaguear entre pensamentos de bons momentos e de grandes tormentas... E sinto apenas um vazio conduzido por uma exaustão... Não sinto nada... Apenas um vazio....
Ouço o coração ao longe, amordaçado pela razão... Apenas olho sem reacção... Não o quero ouvir...

Amanhecer...

Chove...A caminho do trabalho penso no que tenho para fazer, vou devagar... passa por mim um senhora a correr com uma criança ao colo, está a sorrir, ainda há quem saiba sorrir para a vida...uma senhora no comboio observa-me enquanto escrevo, pergunta-se que tipo de personagem serei eu...olho para a senhora que toma café enquanto lê uma msn, olho para a menina de cabelos encaracolados e com os aros dos óculos vermelhos - como contrasta com o cinza escuro deste dia
........no meio destes pensamentos, assalta-se um outro, mais intenso.....Tenho saudades das pessoas que gosto....

quarta-feira, outubro 25, 2006

Novo Renascer

Sinto renascer um novo sentido de esperança, não sei de onde vem, talvez do elemento surpresa da vida que nos alimenta docemente sem nada fazer.
Por vezes somos confrontados com situações que não esperamos, novas pessoas cruzam nossos caminhos não pedindo nada em troca, apenas esperam ser ouvidos e uma conversa surge, sem mais nada, despida de falsas pretenções ou intenções.
É bom sentirmo-nos ouvidos, é bom sermos confrontados com nós mesmos, principalmente quando se trata de um desconhecido... Refugiamos o nosso sentir porque nos sentimos ameaçados, mas no final sorrimos porque fomos descobertos. Mas gostamos de o ser, o nosso interior também sorri... A novidade é sempre um mistério a descobrir...
E sabe bem quebrar a rotina. Afasta-nos do cerne das nossas preocupações... Mas ao mesmo tempo, deixa-nos com mais certezas... Sei cada vez mais o que quero e sei que é possível, não sei como... Mas sei...
Suspiro...

Escuto



Escuto atentamente aquilo que me grita o coração... Paciência e sensatez... Grita espera, pois o tempo cósmico não é igual ao tempo real.
Obedeço e escuto o quanto ele tem para me dizer... E diz tanto sem nunca me ter apercebido, luta desesperadamente contra uma consciência mundana, conspurcada por uma sociedade que não para nem deixa pensar.
Aprendo a esperar, aprendo a ouvir...
Escuto com o coração e tudo fica mais nítido.

Esperanças...

Gosto que as pessoas tenham esperanças...agarra-as a algo que pode ser atingível....Eu não quero mais ter esperanças, já vi o que elas me podem fazer...Agarra-nos a algo que não temos, a uma possível felicidade..... E faz-nos perder tempo....E eu já perdi muito tempo...

terça-feira, outubro 24, 2006

Crises

Bate o coração arrebatadoramente, sinto todos os sentidos ficarem em alerta, não sei que se passa e uma necessidade crescente de respirar se acentua... Sinto uma picada no coração e uma ligeira dermencia no braço esquerdo... Uma pontada no pulmão... Tento controlar a respiração... Todo o meu corpo começa a reagir ás minhas ordens... o coração bate tranquilo novamente... O braço voltou ao normal e a pontada desapareceu...
Foi apenas mais uma crise, o ecoar do turbilhão que se instalou em mim...
O tempo deprime-me, a minha alma chora por algo que nem eu sei o que é... Busco algo sem saber o quê... Talvez a inatingivel felicidade... Pelo menos para mim...
Talvez um dia a tempestade termine, no culminar de um Mundo pleno de luz, de Sol... Não peço muito... Só a luz do sol para iluminar o meu Mundo...
O meu Mundo de doce olhar, ainda guiado pelas Estrelas... Sabendo eu que esse Sol que lhe falta... Sou eu... Eu... Vida.

domingo, outubro 22, 2006

Historia de uma Vida...

Os olhares cruzam-se...eles olham-se, cumprimentam-se, não sei quem dirige a primeira palavra, ele fala com ela, ela fala com ele, mas continua a avançar por entre as pessoas na pista de dança....Ela está tão cansada, tão cansada de tanta coisa, vê-se pelo olhar...observo-a e observo-o a ele..Ela pensa nele, ele não sei no que pensa, passa por nós indiferente...Este jogo continua toda a noite...até que ele passa por ela murmura-lhe umas palavras ao ouvido e vai-se embora, ela fica com a mesma expressão no rosto, cansaço, desilusão, tristeza...Ela vinha a procura de tanto, e leva tão pouco...Nesse momento gostaria de a ter abraçado, um abraço forte e sentido de amizade...não o fiz, gostaria de lhe dizer que tudo vai correr bem, mas eu não sei....

Reverso da medalha

Era só colo num abraço... só e apenas... Agora... Somente a carencia dessa ausencia...

sábado, outubro 21, 2006

No fio do horizonte...

Caminho por entre as casas habitadas de gente que ainda dorme...Ao longe o Mar imenso, e todo um céu azul cinza muito escuro....Em todo o horizonte percorre uma linha brilhante prateada....Há lá tanta beleza neste mundo...

Colinho



Ontem senti-te a precisar de um colo... E à tua maneira eu sei que o pediste, refugiando-te de todos, afastando-te dos que te rodeiam como se chamasses a minha atenção. Como resisti ao impulso de ir ao teu encontro para te afagar a cabeça enquanto te encostava contra mim, enquanto te beijaria a testa delicadamente... Resisti e apenas eu sei, como o meu coração ficou apertado por não o ter feito... Mas não fiz, até que saíste da tua hibernação momentanea por não teres colhido frutos e vens ter comigo, onde como sempre procuras o contacto fisico social brincando comigo e com os demais presentes... Tinhas o olhar pesado, não só pelo cansaço, mas também pelo desalento... Queria muito ter-te abraçado, mas quando te foste, as nossas mãos se entrelaçaram, numa das maiores mostras de ternura...
Sei que não te dei colo por orgulho, mas limito-me a jogar o teu jogo, embora agora, quem dite as regras sou eu...
Mas estarei sempre contigo.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Ping... Ping... Ping....



Ouço a chuva cair... Ajeito a minha cabeça na almofada, aninho-me por entre os lençois... Sabe-me bem o conforto de uma cama quente num dia como este, desejava que podesse ser sempre assim, o ouvir cair da chuva despreocupadamente, pensar em toda a movimentação que existe na rua, pessoas que trabalham, que correm tentando se proteger daquelas gotas que tantas vezes considero milagrosas...
Aninho-me mais um pouco aconchegando o rosto com o lençol, não sinto frio, apenas retiro um prazer enorme por fazê-lo... Penso numa imensidão de coisas, principalmente nas tarefas que agendei para hoje e se será possível adiá-las para me lambusar deste momento... Mas tenho de me levantar o tempo urge... concedo-me a dez minutos de ronha... E lembro-me de um livro de Paulo Coelho intitulado 11 minutos... 11 minutos... O tempo médio de uma relação carnal...
Levanto-me... E a chuva continua a cair, como me querendo lavar a alma....

Lugares Perdidos

Era um vez lugar mágico, até lá chegar viam-se campos cultivados, linhas paralelas de verde e amarelo...a marcar a entrada, uma enorme nogueira, daí seguiam três carreiros.. O primeiro descia abruptamente até chegar a um local onde as árvores e o chão se cobriam totalmente de trepadeiras verdes....O segundo seguia todo o bosque levando-me a uma outra povoação...O terceiro, mais perto da entrada seguia até a um imenso canavial, onde se percebia por entre a vegetação ruínas de uma antiga fonte.....Lembrei-me em criança de gritar em plenos pulmões, lá dentro do bosque, quando ouvi umas máquinas ao longe a fazerem barulho, para pararem...foi à muito tempo atrás.......Ontem passei por lá, a estrada que me leváva ãté ao bosque ainda existe....Segui-a derrepente observo uma auto-estrada até perder de vista, já não existe entrada para o bosque, nem bosque algum. Agora ele vive apenas nas minhas palavras..... Um dia ninguém vai saber que ele existiu....Um dia ninguém vai saber que eu existi....

Poesia

É preciso viver para sentir a poesia dos outros...Sem isso as palavras não fazem sentido...

Bom dia...

As pessoas acotovelam-se na paragem do autocarro, ao mesmo tempo que os seus chapéus eram vergastados violentamente pela chuva tocada a vento....é preciso tão pouco para nos sentirmos pequeninos....

Memorias...

Percorremos toda uma vida pontuada por altos e baixos, e por momentos que nos definem enquanto pessoas....Existiram já outros Eu's no passado, dos quais agora tenho uma vaga lembrança.... Os lugares onde tantos momentos meus se passaram, também mudaram, o antigo vale verde para onde a janela do meu quarto se debruçava, tornou-se num comum espaço sub-urbano, o lugar onde passava as minhas férias na infância, está neste momento a sofrer profundas alterações, estradas, casas, vias rápidas....tantas memórias que eu lá tinha....O tempo é uma força avassaladora, transforma-nos e transforma os lugares...Neste processo algo se perde...esse algo são as pessoas já fomos..Sinto uma angustia por este facto, reconhecendo isso, desenho e escrevo febrilmente...Tento captar todos os momentos possiveis da minha vida, não quero esquecer a pessoa que hoje sou, porque sei que amanhã serei outro......

quinta-feira, outubro 19, 2006

Doce Recordar


Sinto ainda o calor do teu beijo e abraço apertado... Calor esse que hoje me conforta e me alimenta, não preciso de mais, pelo menos por hoje, pois sei que amanhã estarei contigo, com ou sem beijos, mas estarei no teu olhar e no teu abraço...
Respiro e sinto ainda o teu perfume, aquele que sinto ao deitar e me faz relembrar o teu dormir de menino...

Viagens...

Chego ao cais mas o comboio já partiu.....dentro levava a minha felicidade.
Pouco importa há-de chegar outro...e ninguém sabe o que vem na volta do comboio....

Desejos...

Querer-te toda só para mim, fará perder o pouco que tenho de ti....

quarta-feira, outubro 18, 2006

A poesia que nos toca...

O que pertence ao corpo é como um rio
o que pertence à alma é como um sonho e um vapor:
a vida uma guerra e uma viagem por um país estrangeiro.

Marcus Aurelius

Desfragmentado.....

olhamos a vida de frente....da-mos tudo de nós, quando assim é, não nos mantemos iguais.....olhamo-nos nos espelhos e deixamos de nos reconhecer....somos já outras pessoas.... Por vezes esta mudança acontece de forma repentina, é mais dolorosa, mas mais eficaz, quando todos os pilares do nosso ser desabam ao mesmo tempo.......Assim, peguei no meu Ser estilhaçado e reconstrui-o fragmento a fragmento, colado com pedaços de poesia.

Vidas Sentidas

Gosto de observá-las com olhares laxivos de quem se mostra interessado, na expressão do rosto não procuro nem amizade nem amor....Sexo apenas.

Pensamentos...

Os pensamentos ecoam na minha mente, são 13.40 da tarde sentado num restaurante ao almoço.....Tento-me abstrair de tudo, atrás de mim duas senhoras lindíssimas e completamente fúteis, (acho eu), continuam à conversa.....Desabafo para um livrinho que trago comigo. Desenho e escrevo, procuro que as palavras façam sentido, procuro que os desenhos captem o momento,.... nunca consigo....também não tenho ilusões, não procuro ser poeta nem pintor, sei também que não existe beleza naquilo que faço. O que faço é para mim......já não me importo com o que as pessoas pensam....Nunca me devia ter importado muito......

Mentiras...

As piores mentiras são aquelas que dizemos a nós próprios. Podemos passar toda uma vida a mentir, é mais fácil não sentir, é mais fácil achar que o sentimento é um quase nada, achar que é apenas uma ilusão, é mais fácil assim. Se quisermos felicidade podemos sempre encontrá-la em qualquer hipermercado perto de si, vende-se nas lojas de marca, nas esquinas das ruas - Momentos ...."Viva o momento, Vodafone".......Até que um dia somos confrontados com a verdade do nosso próprio Ser, que de tanto mentir, já nos tinhamos esquecido de como é realmente sentir........Às vezes pode ser tarde demais.

...Gosto...


Sim, gosto de ti…
Gosto de ti quando me perco no teu olhar, quando me sinto mergulhar nesse teu doce e aveludado olhar e me sinto mergulhar até aos recônditos da tua alma…
Gosto de ti mesmo quando não me vês e recordo o teu cheiro, quando relembro cada gesto teu e aquela tua expressão que tanto adoro…
Gosto de ti quando ficas sem jeito e baixas o olhar, quando me temes e quando te deixas envolver…
Gosto de te sentir criança e te ver vibrar com o que te faz feliz, gosto de te ver sorrir… Sinto-me feliz, quando estás feliz, quero abraçar-te e dizer-te que tudo ficará bem quando sofres… Choro contigo e não me vês…

Angústia.......

Dia de chuva com poças de água a acumularem-se nos passeios e nas estradas, são 9.00 horas, observo um mar de prata.......depois, o autocarro que nos leva ao trabalho está de novo atrasado, ao mesmo tempo, pessoas desesperam em filas intermináveis de automóveis nas terras de ninguém............ ouço um homem vender pilhas - " 1 euro 16 pilhas aucalinas, validade 2009".........Assim começa o meu dia, mergulhado no cinza escuro do céu.......

terça-feira, outubro 17, 2006

Loucura de um Medo

Há loucuras que se confessam em momentos de lucidez... Confessam-se como verdades absolutas de um amanhã que se desconhece mas que tantas vezes nos parece tão certo.
O hoje conhecemos muito bem, é aquele que vivemos em consequencia de um ontem que deixou marcas.
E que marcas essas... Daquelas que nem o hoje nos deixam viver na sua plenitude, agarrados a um medo que persiste, agarrados a um medo que por vezes não nos larga que nos aviva a memória e nos afasta daquilo que realmente hoje queremos...
Pergunto... será o medo o suficientemente poderoso para travar um sentimento?! Será o medo uma permissa tão forte que invieza a razão?
Eu tenho medo... confesso o meu medo, mas sinto-me louca para arriscar, viver no gume da esperança e alicerçar o meu desejo tão sentido, no risco... Mas ainda tenho medo...
Tento vencer o medo de ontem, para conseguir viver hoje o dia de amanhã.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Instantes.........

A chuva cai copiosamente, sentimos no ar um cheiro puro e cristalino........ observo á velocidade que me é possivel: navios estacionados no cais; luzes de automóveis; cores brilhantes, vermelho;verde;laranja, amarelo, todas envoltas no tom cinza escuro do céu, refletindo-se nas poças de águas, nos vidros dos automóveis nas pedras da calçada..... penso por instantes, no que passará na cabeça da senhora vestida de verde alface que passa por mim .......... o rio..... ....ao longe as luzes d uma outra cidade, outras vidas outros momentos.........eu já estou a pensar no dia de amanhã.

Felicidade Sofredora



Ser feliz… todos almejamos, um dia, atingir o patamar máximo da felicidade.
Mas de que se trata afinal a felicidade, a utopia dos novos tempos?!
A praga das sociedades modernas… trabalhar, trabalhar, trabalhar, trânsito e horas afins que passam sem noção em que se esquece de tudo o que realmente nos faz sentir vivos, para quê?! Ganhar dinheiro para comprar aquele carro, aquela casa… Constituir família para viver de aparências e sentir-se feliz?!
Mas o que é a felicidade, uma idealização de algo melhor, algo que justifique de facto a carência de nós mesmos, que temos por viver em função da dita felicidade…
Há quem seja feliz… Não tem empréstimos bancários a cargo, tem o carro topo de gama e aquela casa, virada para o mar e com piscina… Quando não se sente feliz, não se importa, nada que uma tarde de compras por New York ou qualquer outra cidade cosmopolita não recompense, até quando quer amar compra a felicidade…
Por outro lado, temos aqueles que se sentem felizes com o pouco que têm, vivem de um salário mínimo e andam de transportes públicos, mas são felizes, sorriem e dizem bom dia a quem com eles se cruza e tamanha cruz carregam…
Qual o segredo da felicidade… Será o amor?! Ou simplesmente o gosto pela vida?!
A felicidade só surge por comparação… de outro modo como poderíamos definir esse sentimento, para se ser feliz precisa-se sofrer e entra-se num ciclo vicioso, porque a cada objectivo alcançado vamos querendo mais e a ambição penetra subtilmente… Agora que consegui quero mais, só um pouquinho mas quero…
Estávamos a ser felizes e não vimos… tornamo-nos insatisfeitos… Até ao dia em que encontramos alguém que nos faz parar de respirar por uns segundos… as pernas tremem e o olhar brilha… o coração dispara e deixamos de ter coordenação motora suficiente para que passemos despercebidos a essa mesma pessoa… Nasce o amor, são felizes mas querem mais, a casa, o carro, filhos…
Eram felizes. O mundo acaba, ele desistiu desse sonho… encontrou um outro alguém e desfez uma felicidade como nunca sentida…
Mas afinal… o que é a felicidade senão um momento…O MOMENTO que tanto desejamos e tanto tememos…
E passeiam de mãos dadas… Felicidade e sofrimento… alternando entre elas a sua actuação no palco da vida.